Friday, June 29, 2012

Reiniciar sempre

Já escrevi por tantos lugares, sem nenhuma preferência em si, era e é apenas a necessidade de expressão. Isso sou eu, fazer uso constante das palavras, deixar registrado nas linhas escritas o pouco que sou ou vivo. Acumulo letras e papéis como ninguém, acho até um vício sem cura. Mas o que importa isso? Cada qual com a sua mania de ser. 
Este espaço estava paradinho há alguns meses,  havia deixado ficar. Esses dias  resolvi limpar a poeira, dar um sacode no que ficou e limpar a casa, limpar as letras, liberar os registros para a lixeira virtual. Não existe forma de higienizar a alma mais rápida que a virtual, basta seguir o trâmite e apertar sim no final. Nada de vassoura, desgaste, carregação de peso, nada. Apenas deleta e fim. Vida prática demais. Assim o fiz,  isso é  encarar o ato de passar.  
Sempre estamos de alguma forma recomeçando, sempre. A rotina não é característica líquida e certa,  bem, pelo menos para mim. Preciso estar sempre desafiando a mim mesma e a vida, o tempo apenas eu entendo sua dimensão, e sei que isso confunde muitas pessoas, mas eu determino meu limite, entro e saio do fundo do poço, seja ele qual for, de forma inusitada. Sempre fui assim, quando pensam que morri, ressuscito das cinzas como se nada houvesse abalado minhas estruturas. Preciso enterrar meus fantasmas e chorar a viuvez de todas as minhas dores, preciso e já não admito que ninguém me cobre o contrário, eu sei dos meus sentimentos, das minhas dores e do meu tempo. 
Sempre temos a péssima certeza de que nosso discurso é alcançável à todos, e não é. Somos seres independentes e desprovidos de semelhanças. Não somos e nunca seremos com a mesma essência, e nisso está a arte da vida. Nisso está o ato de crescer pelas virtudes e vícios trazidos na alma, na bagagem de outras existências. Assim a vida se constrói. 
Nunca podemos avaliar o quanto possa ser sofrida a dor de alguém, ou o quanto pode ser intensa sua alegria, esses sentimentos surgem do recebimento do que chega em cada um de nós. A melhor receita é acolher, e deixar fluir. Eu particularmente sofro por inteira, e agradeço ser assim, me sobram rugas, é inegável, mas me sinto viva, sentida, enterrada e renovada depois. Gosto de mim, gosto mesmo, sem egocentrismo, gosto de coração. Acho que é isso... Abençoadas sejam as letras que se formam paralelamente na minha alma, a expressão da minha existência.